Enxertos e retalhos são procedimentos que transferem tecidos bons para áreas que perderam a pele. São bastante utilizados no fechamento de cirurgias de câncer de pele ou em queimaduras.
“Retalho” é o segmento da pele e subcutâneo com suprimento vascular próprio, que será movido de uma área (doadora) para outra (receptora), com a finalidade de preencher uma ferida cirúrgica. Existe uma comunicação do retalho com a área doadora por meio de um pedículo, o que garantirá sua sobrevivência.
Quando se cria uma ferida cirúrgica pela retirada de um tumor cutâneo, o primeiro passo é tentar fechá-la com aproximação e fechamento primário das bordas. Se o defeito criado pela ferida cirúrgica for muito grande, não se consegue aproximar as bordas e há necessidade de fazer um retalho ou enxerto de pele. A reconstrução pode ser realizada durante a própria cirurgia ou deixada para um segundo momento, se as condições clínicas do paciente não forem favoráveis.
Admite-se, em média, até sete dias para a realização de um retalho. Entretanto, o leito receptor deverá ser preparado, reavivando-se as bordas da ferida e diminuindo-se o tecido de granulação.
Algumas condições são necessárias para realização de um retalho. O tipo de pele e a região doadora devem dispor de sobras e mobilidade, para que o retalho atinja a área receptora sem tração ou sofrimento vascular no seu pedículo. Além disso, a nova área ulcerada criada pela doação de pele (defeito secundário) deverá permitir um fechamento primário sem dificuldades.
Já um enxerto é um pedaço de pele retirada de uma área corpórea – a área doadora –e transferida para outra área, a receptora, sem nenhum pedículo de comunicação entre elas. Só mais tardiamente desenvolve vascularização própria, restabelecendo, assim, um novo suprimento sanguíneo.
Os enxertos podem ser classificados da seguinte forma:
Enxerto de pele total: caracteriza-se pela presença da epiderme e a total espessura da derme.
Enxerto de pele parcial: caracteriza-se pela preservação da derme na área doadora, possibilitando assim a reepitelização da mesma, por meio das células epiteliais procedentes dos sistemas pilossebáceos e das glândulas sudoríparas remanescente na área doadora.
Enxertos compostos: consistem em uma porção intacta contendo toda epiderme e a derme, com um componente adicional de gordura ou cartilagem. Ex: enxerto condrocutâneo (pele conectada a uma das faces da cartilagem), enxerto condrobicutâneo (pele conectada a ambas a face da cartilagem), enxerto dermogorduroso (derme com tecido gorduroso).
Autoenxerto: quando o doador e o receptor são o mesmo indivíduo.
Homoenxerto ou aloenxerto: quando o doador e o receptor são indivíduos diferentes, porém da mesma espécie. Ex: curativo biológico (utilizado de forma temporária).
Isoenxerto: quando o doador e o receptor são indivíduos diferentes, porém, geneticamente idênticos. Ex: gêmeos univitelinos.
Xenoenxerto: quando o doador e o receptor são indivíduos de espécies diferentes. Ex: curativo biológico (pele de porco utilizada em seres humanos).